domingo, maio 25
Cadáver?
D. Lucília Moita tinha, comigo, uma “pedra no sapato”.
Há muitos anos, numa sessão, creio que no Convento de S. Domingos, na sala onde hoje é o rés-do-chão da Biblioteca, analisava-se a obra de Lucília Moita e eu referi que “pintava cadáveres”. Ficou chocada. E disse-me várias vezes desse choque, mas sempre em circunstâncias que não propiciavam explicações.
E voltou a dizê-lo. Tantos anos depois, o que significa que a marcou fundo.
Foi agora o momento de explicar o que então quis dizer.
- Eu disse que pintava cadáveres - troncos carcomidos, muros velhos - mas como quem procura ressuscitar uma dignidade perdida, encontrar no que é por todos desvalorizado um valor estético que o olhar do artista encontra e nos oferece. E faz isso mesmo também com pessoas socialmente desvalorizadas.
- Ah, nesse sentido estou de acordo. É isso mesmo.A vida é feita de encontros e desencontros. E gostei que este re-encontro tivesse ocorrido frente aos meus alunos. Para eles terem um outro acesso à vida da cidade, que vai para lá da escola e dos circuitos que eles percorrem uns com os outros.
D. Lucília Moita tinha, comigo, uma “pedra no sapato”.
Há muitos anos, numa sessão, creio que no Convento de S. Domingos, na sala onde hoje é o rés-do-chão da Biblioteca, analisava-se a obra de Lucília Moita e eu referi que “pintava cadáveres”. Ficou chocada. E disse-me várias vezes desse choque, mas sempre em circunstâncias que não propiciavam explicações.
E voltou a dizê-lo. Tantos anos depois, o que significa que a marcou fundo.
Foi agora o momento de explicar o que então quis dizer.
- Eu disse que pintava cadáveres - troncos carcomidos, muros velhos - mas como quem procura ressuscitar uma dignidade perdida, encontrar no que é por todos desvalorizado um valor estético que o olhar do artista encontra e nos oferece. E faz isso mesmo também com pessoas socialmente desvalorizadas.
- Ah, nesse sentido estou de acordo. É isso mesmo.A vida é feita de encontros e desencontros. E gostei que este re-encontro tivesse ocorrido frente aos meus alunos. Para eles terem um outro acesso à vida da cidade, que vai para lá da escola e dos circuitos que eles percorrem uns com os outros.