domingo, fevereiro 10

 
No karate - 1
Desde Outubro que sou praticante de karate em Abrantes. Já o disse algures e volto agora ao tema.
Inscrevi-me nesta arte marcial por três razões: para manter a forma física, que o corpo morre mais parado, para fazer a experiência de uma “arte” oriental, o que me é muito importante nos meus estudos sobre o lugar do corpo na consciência, e para me obrigar a sair do quente dos hábitos instalados e assim me proteger um pouco contra o envelhecimento precoce.
Ou seja, inscrevi-me porque quis e tendo em vista objectivos bastante significativos para mim. (Coisa que nem sempre acontece ais meus alunos.)
Mas depressa me dei conta de que estava a alcançar um outro objectivo de que não tinha tido consciência prévia. Eu explico.
O karate é muito fácil – quando se vê os outros a fazer ou quando nos explicam como se faz. Mas é bem mais complicado quando vamos tentar fazer. Aí, por mais que nos expliquem, por maior que seja a paciência do mestre, por mais fácil que aquilo pareça, tudo se complica quando se trata de fazer.
É preciso paciência, treino, humildade. É necessário não desistir, mas insistir. É preciso aprender com quem sabe, mesmo o puto ao lado que tem idade talvez para ser nosso neto.
Mas... se se for por esse caminho, aprende-se, evolui-se. Depressa nos damos conta de que estamos já longe do ponto em que nos encontrámos.
A que propósito vem tudo isto? Não é para contar a minha história, é claro, mas para dizer que ali eu encontro-me mais perto dos meus alunos. Ali torna-se evidente o que são as dificuldades deles com a filosofia.Em filosofia, eu sou talvez cinto negro, nem que seja do primeiro Dan. Mas os meus alunos são cintos branco e amarelo, talvez um ou outro já laranja. Do meu lugar de cinto branco em karate shotokan, eu percebo melhor as dificuldades deles em filosofia. Aquilo que é tão simples, para nós e para alguns deles, pode ser tão impossível para alguns outros.
Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?