domingo, janeiro 20

 
Vamos chorar?
Segunda-feira, primeira aula da manhã.
- Quero convidar-vos a chorar comigo. Já viram como é triste a nossa vida?! Tivemos de acordar cedo para virmos para as aulas (e um coro de olhares palpitou na sala) aturar um chato de um professor (alguns pontos de interrogação ergueram-se entre as carteiras). Lá fora o dia não está apetitoso. E, além disso, vivemos no país uma situação de crise que não é nada agradável. E nas famílias de alguns de nós as coisas andam um pouco a dar para o torto – acontece em todas as famílias, mais cedo ou mais tarde. Vamos chorar a nossa triste sorte?
Era já nítido, pelas caras, que percebiam que...
- Quero começar por ler-vos um trecho de um livro que vai ser publicado em Portugal.
E comecei a ler. É uma narrativa de choque, de uma mulher que sai com o seu filho de uma cidade em guerra e acaba por ver-se numa armadilha de desespero, em que o próprio filho lhe morre nos braços e ela própria nunca mais foi a mesma.
O silêncio na sala era pesado. Via-se que a narrativa estava a lavrar fundo.
- Será que temos verdadeiras razões para a lamúria com que nos enfeitamos? Não será uma falta de vergonha nossa e um insulto a todas as pessoas que sofrem situações destas o modo como nos queixamos das nossas razõezinhas? Isto não quer dizer, é evidente, que nos contentemos com aquilo que temos e desistamos do que queremos. É importante lutar por aquilo que queremos, mas é obsceno o modo como nos lamentamos daquilo que temos.
Fizemos uma pausa.
Era tempo de continuar.
Este é um daqueles dias que desorganizam a escrita a um professor. Ao último tempo, irei com a outra turma do 10º ano a um colóquio, o que dá a esta uma aula de vantagem. Temos, pois, de trabalhar, mas não podemos deixar os outros para trás.
Trabalhámos no reforço e alargamento do que já estudámos.
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