domingo, janeiro 20

 
O pêndulo, o campo
Na segunda parte da semana, apareci na aula com um pêndulo. Era um brinquedo pouco qualificado, mas pedi-lhes que o imaginassem perfeito.
Balancei o pêndulo e lembrei a qualidade natural do movimento, simétrico e previsível, eterno se não fosse a lei da gravidade. Sim, previsível, porque o pêndulo não pode fugir da lei natural que rege o seu movimento.
- O pêndulo é livre?
- É claro que não, o pêndulo apenas obedece às leis da natureza.
Coloquei de modo adequado um conjunto de magnetes e relancei o pêndulo. Iniciou o mesmo tipo de movimento, mais ou menos regular, mas depressa “endoidou” e lançou-se em movimentos imprevisíveis em todas as direcções. Até que estabilizou junto a um dos magnetes. E repeti o lançamento, que animava os presentes.
- Agora, o movimento foi claramente imprevisível. Mas o pêndulo é livre? O mesmo pêndulo, agora imprevisível, continua submetido às leis da natureza.
Conversámos sobre o assunto.
Depois, passámos ao tema seguinte, que para mim era o mais importante.
- Quando dizemos que o homem pode decidir entre pelo menos dois caminhos, temos em consideração o homem e os dois caminhos. Mas isso nunca se passa. Essa é uma forma abstracta de colocar a questão para chamar a atenção para um aspecto do problema. Mas, quando fazemos isso, esquecemos outro aspecto muito importante: quando o homem tem que decidir, está sempre numa dada situação. E essa situação é sempre um campo atravessado por múltiplas forças – forças físicas, biológicas, psicológicas e sociais, e entre estas forças económicas e culturais, estéticas e religiosas, históricas e... a lista é enorme.
Entretanto, ia desenhando no quando um campo de forças à volta de um caminho que se bifurcava.
E passámos ao terceiro aspecto.
- Mas como é alguém pode decidir no meio desta confusão? Como é que eu sei se hei-de decidir por A ou por B? Como é que nós sabemos por onde havemos de ir?
E conversámos sobre isso. Foi o tempo de voltar a interrogar respostas do género “o que for melhor”: mas como é que eu sei o que é melhor? terei de experimentar primeiro?
Até que chegámos a um ponto em que eu disse:- No meio de toda esta confusão há um conjunto de sinais de trânsito que me orientam e nos orientam na decisão.
E semeei a confusão de linhas de pequenas letras v. Eles olhavam. E eu acrescentei.
- São os valores. O que são valores?
Eles tinham já uma folha que lhes dera numa aula anterior. Foram ver e desmontámos a definição. Depois, fomos ao manual ler uma página onde o conceito de valor também era tratado.
Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?