sábado, dezembro 29

 
Teorias - 3
O comentário de Pedro Oliveira, que aqui abordei já em duas entradas, merece mais algumas notas. Fiz uma primeira análise. Mas é necessário dar-lhe continuidade. Porque...
Ele tem um lado positivo.
Na verdade, reconheço que tem havido uma linha de actuação de complacência com o desleixo, a infantilidade tardia, a preguiça, a falta de educação, a ignorância militante...
E se a aposta no "tudo é a vontade do aluno" é pura ideologia, também esta atitude de complacência é outra ideologia: "coitadinhos, eles não têm culpa, deixa andar". Nada sustenta esta posição, senão também a demissão pura e simples. E também neste caso com o aluno a ser a vítima da demissão. A voz de Pedro Oliveira é, pois, de denúncia desta política pedagógica.
Só que um erro não se corrige com outro erro.
Mas a palavra de Pedro Oliveira tem ainda uma outra - grande - razão de ser. De facto, a vontade não é uma realidade originária, que possa ser exercida a partir do nada. Se não for educada, se não for desenvolvida, se não for treinada, não existe como potencialidade de acção. Ora, muita da nossa pedagogia tem esquecido isto, tem descurado o trabalho de "educar a vontade". Eu sei que esta própria expressão cheira a bafio, a ranço. Porque diz a moda que isso não se faz. Mas, se não se faz, devia fazer-se. E é isso que XX exige. E com toda a razão. A vontade, não sendo o recurso dado à partida, só pode ser formado ao longo do percurso. Mas só pode ser formado se for estimulada a sua formação.
Costumo dizer explicitamente aos meus alunos: Quem faz tudo o que quer, dentro em pouco não consegue fazer aquilo que quer. Ou melhor, nem sequer consegue querer.
É disto que nos fala a voz denunciadora de Pedro Oliveira. E nisso tem razão.
Contudo, parece-me haver dois pormenores que esquece:
- que só temos o direito de exigir o que pode ser dado;
- que a razão da nossa actuação mede-se pelos seus resultados.
Mas, aí, tudo se joga no campo de cada caso concreto.
E nunca teremos a certeza da medida em que temos ou não temos razão.
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