domingo, dezembro 9

 
Pergunta
- Sem ofensa. O professor é que era «o gajo que sobre para cima das mesas»?
Ri-me, é claro. Era o eco do comentário de Pedro Oliveira a uma entrada minha aqui.
- Sim e não, respondei. Sim, é a mim que se refere, e sim, uma ou outra vez subi para a mesa de professor na sala de aulas. Mas não era costume. Ocorreu uma ou outra vez em circunstâncias concretas.
A primeira vez, foi para chamar a atenção dos alunos. Era naquele tempo em que consta hoje que os alunos eram todos santos e bem comportados. Mas as aulas eram de duas horas e o assunto era difícil e eles estavam cansados. Já era difícil estarem atentos. Subi para a secretária. Era impossível não prestarem atenção. Dei-lhes o recado devido, qualquer coisa como “o que merecia atenção era aquilo que nem estavam a ouvir”.
Depois, foi como exemplo de decisão. Em todos os momentos temos de decidir, não podemos não decidir, mesmo quando não parece. Por exemplo, estou a dar esta aula normalmente e parece que não há nada a decidir. Mas eu podia fazê-lo de cima da mesa – e subi para a mesa. Era a expressão teatral de que há sempre múltiplas possibilidades, mesmo quando parece que não.Reconheço que há nas minhas aulas uma dimensão, assumida, de teatralidade, que desenvolvi e quis conservar do tempo em que encenei teatro no Pego. Ainda hoje os meus alunos beneficiam e eu sou devedor dessa minha experiência de uma dezena de anos.
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