segunda-feira, dezembro 24

 
Última aula - 2
Depois, afirmei que ia dividir a aula em “três metades”:
- os alunos que tinham conseguido obter a nota que queriam e estão satisfeitos;
- os alunos que têm positiva, mas que não estão satisfeitos com ela;
- os alunos que têm negativa e, portanto, não estão satisfeitos.
Cada um levantou o braço na sua vez e todos vimos que o último grupo era o maior.
São os dois últimos grupos que mais me interessam aqui”, disse eu. E continuei.
Temos de perceber quais as razões deste estado das coisas. E há sobretudo três:
- falta de estudo (e alguns já disseram que foi o caso e, portanto, já sabem a solução);
- falta de competências na escrita (a filosofia escolar passa muito pela produção de textos, pelo que esse é um aspecto crítico);
- falta de competências no exercício de pensamento reflexivo (e essa é a substância do trabalho filosófico).
Há outras razões, mas estas são as principais. E aqui estão também as soluções.
No que nos compete, teremos de trabalhar nos dois últimos aspectos. Será esse o principal programa para os próximos tempos. E poderá começar a sê-lo já durante as férias.
Qualquer atleta treina aquilo em que quer melhorar. Todos o sabemos. E os estudantes? Também deveria ser assim.
Mas a cultura estudantil é muito a de “estudar para os testes”. Só que isso não resolve nada, se os problemas estiverem noutro lado.
E aconselhei - quem quiser – a fazer um diário filosófico durante as férias.
Escrever, reflectir.
- Eu sei que a ideia parece tonta. Mas já os vossos colegas dos outros anos passaram pelo mesmo. E, no final, os que o fizeram declaram: não foi agradável, mas foi proveitoso.
Diz a experiência que serão poucos ou nenhum a aceitar o desafio. Ao contrário dos atletas, que sentem a necessidade de um plano de aperfeiçoamento, de um modo geral os estudantes não vêem o percurso escolar como um percurso de aquisição de competências ou como de um processo de desenvolvimento pessoal. Dito de outro modo: o nosso ensino é vivido pelo seu valor de troca e não pelo seu valor de uso. E enquanto for assim, não se vai muito mais longe.
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