segunda-feira, dezembro 24

 
Última aula - 1
Antes de pararmos na “estação de reabastecimento”, que são as férias, dividi a aula em dois momentos principais. Os alunos começaram por entregar a avaliação escrita que fizeram ao primeiro trimestre da nossa aventura comum. Mas eu pedi-lhes que fizéssemos uma avaliação oral, de modo a partilharem o que tinham escrito. Quem quisesse, é claro. Aspectos positivos, primeiro, negativos depois, porque nada tem só aspectos positivos ou só negativos. Correu bem.
Creio poder dizer que os positivos são dominantes: o interesse da nossa aventura, o desenvolvimento do pensar pessoal – alguns dizem que já vêem as coisas de outro modo – o clima de respeito mútuo, o descobrir coisas novas, o professor puxar pelos alunos e não os deixar desistir... Como aspectos negativos, o facto de por vezes a aula ser uma seca, a filosofia ser muito exigente, o professor nunca estar satisfeito e perguntar sempre “porquê?”, as aulas serem muito longas, nem todos os alunos participarem nas aulas, e alguns alunos contribuírem para prejudicar o ambiente de trabalho em sala...
Já o disse algures. Dou muita importância a esta avaliação pelos alunos sobretudo porque com ela, quer dizer, com eles, aprendo a melhorar as minhas aulas e também porque este momento de crítica ao vivo de alguém que está no poder, o professor, é um acto educativo no sentido de uma afirmação de si face ao poder, de exercício do poder crítico, de afirmação da dignidade face a qualquer poder, de experiência do poder da palavra crítica, de aprendizagem de que não há nada perfeito ou completamente indigno, de respeito para com aquele que se critica, de humildade face àquele que nos critica... Creio que é uma dimensão fundamental da democracia de proximidade, que nos prepara para a democracia à distância.
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