segunda-feira, novembro 5

 
O barco vai de saída
Era o dia de início das aulas. Sabia que logo pela manhã, oito e meia, iria estar de serviço às substituições. Ou seja, poderia calhar-me uma turma do 5º ao 12º ano. Não era possível preparar uma aula específica, uma tarefa, um programa, para executar. Teria de lançar-me de pára-quedas.Calhou-me a substituição de um professor de filosofia numa turma do 11º ano. No último piso. Tive tempo, por isso, de pensar uma estratégia e um programa até lá. Mas comecei sem ainda ter aterrado completamente.
Creio que correu bem. Pelo menos foi o que li nos olhos deles.Depois, foi o encontro com uma turma que já tive no ano passado, portanto um turma “de continuação”. Aproveitei o facto de termos ali uma nova aluna e fiz uma aula de revisão das regras do jogo. É indispensável, logo de início, mostrar o jogo e jogar de acordo com as regras. A primeira imagem é muito importante, pois é ela que organiza o pensamento e o comportamento da turma. Foi bom voltar a encontrar os meus alunos. Tenho a certeza de que vai ser bom – embora por vezes difícil – mais um ano de trabalho.
Depois, para terminar a manhã, o encontro com uma nova turma do 10º ano. Alunos que, no geral, eu não conhecia. Mas alguns já os havia encontrado numa aula de substituição há dois anos. Tinham-me eles dito há dias. Mas hoje não falámos disso.Começámos pelas apresentações. Perguntei-lhes se queriam dizem alguma coisa, que não. Mas a Ana disse que não gostava de Filosofia. Que já tinha experimentado e é uma coisa «esquisita», de que não gostou. Acabou por dizer que estava disponível para que algumas outras experiências, este ano, pudessem ser melhores. É esse o ponto de partida necessário. E passei eu a apresentar as regras do jogo, que eles ouviram com atenção.
Depois, lemos um texto, uma história de sabor oriental, e explorámos em conjunto o seu significado. Estava um calor excessivo, mas trabalhámos no texto até ao final da aula. A Ana acabou por dizer que já viu que este ano iria ser diferente. Claro, não há dois professores iguais. E foi já à pressa que lhes desejei “bom fim-de-semana”.
Adeus, ó cais de Alfama.

P.S. – Este texto foi escrito na altura e agora transplantado para aqui.
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