domingo, novembro 25

 
Balanço
Quando fizemos um mês de aulas, pedi-lhes um balanço, uma avaliação do percurso feito em conjunto. Expliquei que de filosofia eu tinha obrigação de saber um pouco mais que eles, mas de como eles tinham vivido este percurso a única autoridade são eles. O exercício foi oral, em plenário.
Eu sintetizo do seguinte modo, como fiz perante eles para ver se tinha percebido bem. Sintetizo e comento.
O percurso tem sido interessante - e isso é bom
Eles andam um bocado perdidos - e isso é natural
Estão um pouco fartos de se falar sempre do mesmo, a filosofia - e isso é natural
Quando eu era professor de sociologia, nunca começava pela metodologia. Pelo contrário, entrávamos na matéria e depois víamos como é que se chegava lá. Mas em filosofia nunca fiz isso. Ou melhor, sempre respeitei a tradição de se começar por uma reflexão sobre... uma coisa que eles não conhecem. É verdade que procuro que façam alguma experiência da filosofia, mas todo um mês a falar «do mesmo» não é fácil para eles.
Outra observação teve a ver com o facto de ser demais uma hora e meia a falar do mesmo: «Depois de meia hora já é difícil prestar atenção.» Eu procuro variar as actividades ao longo da aula, mas por vezes uma mesma actividade prolonga-se. Contudo, também eles têm de ir aumentando a sua resistência, a sua capacidade de atenção continuada. É difícil o equilíbrio. Ao passo que o desequilíbrio é fácil. Vamos pouco a pouco.
Um dos objectivos deste exercício de avaliação é dar-lhes espaço de análise crítica, é dizer-lhes que tudo pode e deve ser avaliado. Que uma pessoa com cabeça não pode ser indiferente àquilo que vive. Que o direito à crítica é universal e para ser exercitado aqui onde vivemos.Acrescento que criticar é utilizar um "crivo" que permite distinguir entre o que está bem e o que está mal. E peço-lhes, por questões de método, que comecem pelos aspectos positivos e que continuem, só depois, pelos negativos. Nada é só positivo e nada é só negativo. Ser capaz de ver os dois lados é ser capaz de ver melhor e ser mais inteligente.
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