domingo, novembro 25

 
Antes da origem da filosofia
O trecho bíblico da criação do mundo serviu como matéria de trabalho em aula. Lemos e passámos ao comentário. Como de costume, começaram a dar "opinião".
- Não me interessa a vossa opinião. Quero é saber o que o texto diz, a vossa leitura do que o texto diz.
Foi difícil começarem. Mas eu empurrei.
- Como é que é isso de a luz ser criada no primeiro dia e o Sol e as estrelas surgirem só dias depois?
Chegaram a concluir que esta luz era "outra luz", diferente da luz do Sol. E saltámos para o pensamento semita, dualista, de um duplo princípio, o Bem e o Mal, com maiúsculas. Ali diz que o Bem vem de Deus e que domina sobre o Mal.
- Como é isso de «um firmamento entre as águas»?
Não chegaram lá mas eu desenhei o mundo na visão primitiva: uma superfície plana e circular, coberta por uma meia esfera. É isto que ainda hoje vemos quando vamos por exemplo ao castelo de Abrantes. É esta a visão que está presente neste texto.
E continuámos a explorar o texto neste sentido.
Quis atingir três objectivos muito claros:
Que um texto de um tempo passado não pode ser lido como se fosse um texto de hoje.
Que temos de entender o que um texto diz e só depois pensarmos sobre o que ele diz.
Que o pensamento mítico é uma forma de pensamento e que pensa contando histórias.
Até surgir a filosofia, todo o pensamento era assim: pensar contando histórias. E ainda hoje muito do nosso pensamento segue esta gramática do pensamento mítico. E demos alguns exemplos. Os maiores vêem-se no papel do cinema e das telenovelas, que são formas de pensar a vida.
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